Fatores Ambientais Associados ao Risco de TEA: O Que a Ciência Diz?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits na comunicação, dificuldades na interação social e comportamentos restritos e repetitivos. Embora sua etiologia seja predominantemente genética, evidências científicas apontam para a influência de fatores ambientais como fatores de risco para o diagnóstico. Este artigo revisa os principais fatores ambientais associados ao TEA, com base nas pesquisas mais recentes da área.

Há influência de Fatores Ambientais no diagnóstico de TEA?

Os fatores ambientais que podem influenciar o risco de TEA abrangem desde exposições durante a gestação até elementos presentes no ambiente pós-natal. Vale ressaltar que esses fatores não causam o autismo por si só, mas podem interagir com predisposições genéticas para aumentar a probabilidade de manifestação do transtorno. Seguem alguns dos fatores mais importantes:

  • Idade Parental Avançada

Pesquisas indicam que tanto a idade materna quanto a paterna mais avançada estão associadas a um risco aumentado para o desenvolvimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Acredita-se que o envelhecimento celular possa contribuir para mutações genéticas espontâneas, além de alterações epigenéticas que impactam o neurodesenvolvimento fetal. Estudos sugerem que o aumento da idade parental está relacionado a uma maior incidência de alterações cromossômicas e falhas na reparação do DNA, fatores que podem influenciar o surgimento do transtorno.

  • Exposição a Poluentes Ambientais

A exposição a determinados poluentes ambientais, como metais pesados (mercúrio e chumbo), pesticidas organofosforados e partículas finas presentes na poluição do ar, tem sido associada a um risco aumentado para TEA. Estudos indicam que essas substâncias podem atravessar a barreira placentária e interferir no desenvolvimento cerebral do feto, afetando processos como a migração neuronal, a formação de sinapses e a regulação de neurotransmissores. O impacto pode ser particularmente significativo em fases críticas da gestação, quando o sistema nervoso central está em pleno desenvolvimento.

  • Complicações na Gestação e no Parto

Complicações obstétricas e neonatais, como prematuridade extrema, restrição de crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer, hipóxia neonatal (redução do suprimento de oxigênio ao cérebro) e infecções maternas graves, têm sido associadas a um risco aumentado de TEA. Essas condições podem comprometer a formação e a conectividade neuronal, levando a alterações na estrutura e funcionalidade do cérebro. Estudos sugerem que eventos adversos no parto podem desencadear processos inflamatórios e estresse oxidativo no sistema nervoso central, contribuindo para desregulações no neurodesenvolvimento.

  • Deficiências Nutricionais Maternas

A nutrição materna durante a gestação desempenha um papel fundamental no desenvolvimento fetal, e deficiências de nutrientes essenciais, como ácido fólico, têm sido associadas a um maior risco para TEA. O ácido fólico, por exemplo, é essencial para a formação do tubo neural e para a regulação da expressão gênica, enquanto a vitamina D está envolvida na modulação imunológica e no desenvolvimento cerebral. Estudos indicam que a suplementação adequada desses nutrientes durante a gravidez pode ter um efeito protetor, reduzindo o risco de desordens do neurodesenvolvimento.

  • Uso de Certos Medicamentos na Gravidez

A exposição a determinados medicamentos durante a gestação tem sido investigada como um possível fator de risco para TEA. O uso de ácido valproico, um fármaco antiepiléptico, tem sido amplamente estudado, com evidências sugerindo que sua exposição intrauterina pode afetar a diferenciação neuronal e aumentar a suscetibilidade ao transtorno. Da mesma forma, alguns antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) foram associados a um risco potencialmente elevado, embora os resultados sejam controversos. É fundamental que a decisão sobre o uso desses medicamentos seja feita com acompanhamento médico, considerando a necessidade do tratamento para a saúde mental da mãe e os potenciais efeitos sobre o feto.

O que podemos aprender com essas evidências?

A ciência tem avançado significativamente na compreensão dos fatores ambientais associados ao TEA. No entanto, é essencial destacar que o autismo é uma condição multifatorial, na qual a interação entre genética e ambiente desempenha um papel crucial. A conscientização sobre esses fatores pode auxiliar na promoção de hábitos saudáveis durante a gestação e no desenvolvimento de políticas públicas voltadas à redução de riscos ambientais. Se você deseja acompanhar as últimas descobertas científicas sobre o TEA e outras condições do neurodesenvolvimento, continue acompanhando nossas publicações!

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